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quinta-feira, 14 de março de 2013


Não veio

Eu venho pra ficar a noite inteira
E trago algumas frutas da videira
Arrume a sala, passe o teu perfume
Me olhe, me abrace, me assume
Eu quero ver você sem esta roupa
Seu corpo é o que me deixa louca

A noite está tão fria, carece
Que se acendam algumas velas
Feche as janelas.
Este silêncio que empobrece
Coloque uma música baixinha
Que tua boca vem na minha...

Eu quero conduzir-lhe a brincadeira
Dançar contigo à luz de vela
Talvez pegasse fogo
Morrêssemos nós dois

Eu venho pra ficar a noite inteira
E trouxe vinho pra falar besteira
Aqui sentada neste bar de esquina
 Não tê-lo é dor que me domina
Domina feito amor perdido
Ilusão, meu tempo percorrido
Eu venho pra ficar a noite inteira
Eu fico, fico pensando besteira

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sem ponto final

A tristeza é a perda de si, é o desequilíbrio, é o arruinar-se no tempo;
A felicidade é a ausência do delírio, é a tranqüilidade, é saborear o tempo; 
A felicidade é o conhecer com a compreensão;
A tristeza é o inverso;
A sabedoria é o usar vírgulas após as emoções;
Os sonhos começam antes das vírgulas - pausa para respirar - os sonhos continuam;
O trajeto não se compara à conquista;
A vida é o durante;
Felicidade quando se compreende;
Tristeza, momento passageiro de esquecer que a existência é bela;
A morte é um ponto para ateus e três pontos para crentes



Viver é reviver momentos com alma maior

Alma pensante, que lateja de dor, que pulsa por amor...
Dor incessante, não perdoa mas esquece-se... logo se esquiva do negro pra permitir a luz do amor na alma que sonha e sonha muito a minh'alma.
Olvidar um tanto compromete, pois se não lembra ludibria-se de mais; fica-se feliz o bastante para logo... já esquecido o gosto amargo, senti-lo outra vez.

Alma que pensa e pensando se "esquece" de novo.



Conhecer não basta, lembrar é sabedoria
A ida em frente, acumula a mente
Mas a alma... é uma infinitude de existência
que misteriosamente lhe faz viver, viver, viver...

Alma pensante, não esquece, faz de conta.


Gabriela Cano




Não há crime na explosão, sr. Palhaço

Algumas vezes não finjo ser eu
Pra não sentirem falta de mim
Quem sou, se não a surpresa
Supreendente, eu sou assim

Não minto, finjo
Alguém há de me reconhecer
Desfingindo, surpreendo
Com meu real jeito de ser

Ninguém muda instantaneamente
Mas se estranha com a evolução
Explodir desfaz minha timidez

Retraído eu não sou não


(Gabriela Cano)


Olhos ardentes, pensamentos confusos

Ando perdida
Confundo as pessoas
Confundo a mim mesma
O que é minha vida?
Encho de livros a estante
Encho de lágrimas a almofada
Encho de incertezas as linhas...
Pobres linhas que ainda sustentam minhas
Letras tortas!
Minhas letras grossas!
Em negrito estão
Dou destaque ao momento
Faço de conta que sou poeta
Mas miha tristeza não é faz de conta!
Ando lamentando, sim
Pela falta de amor
Onde está aquele amor que tanto persegue-me?
Não existe mais?
Estou órfã.
Afoguei-me na solidão, finalmente
Já não sei o que ando escrevendo

Sei que isso passa; sei que isso volta

Gabriela Cano
(Texto antigo)
Leia: Manual do Ator (Constantin Stanislavski)